Há 30 anos, chegava ao topo das paradas americanas e mundiais um disco que marcou uma geração e o surgimento de uma das cantoras mais famosas dos anos 1980. "She´s So Unusual" ("Ela É Tão Incomum", em tradução livre) lançou Cyndi Lauper à realeza do pop com canções que até hoje são tocadas à exaustão em festas de todos os tipos, como "Girls Just Wanna Have Fun", "Money Changes Everything" e "Time After Time".
Para celebrar a data, a cantora, que aos 60 anos também acaba de lançar uma biografia e um musical na Broadway vencedor de seis prêmios Tony, resolveu documentar tudo em um reality show chamado "Cindy Lauper: Still So Unusual" ("Cindy Lauper: Fora do Comum", em português) que está no ar no Brasil todas as segundas às 22h30 pelo canal pago VH1.
9.jun.2013 - Cyndi Lauper mostra seu prêmio Tony pelo espetáculo "Kinky Boots", musical da Broadway com músicas suas |
Ela conversou com o UOL por telefone e contou um pouco sobre o que a levou a expor sua vida pessoal e profissional em um programa de TV. Também falou sobre suas semelhanças com Lady Gaga e de suas diferenças com Madonna, que no mesmo ano também lançava seu primeiro disco: "Gosto de ter contato com as coisas e as pessoas comuns. Pra você ter uma ideia, eu ainda ando de metrô." Leia a entrevista completa:
UOL – Por que você decidiu fazer um reality show de sua vida?
Cyndi Lauper – Porque eu estou passando por um momento único na vida. Eu escrevi um livro de memórias, um musical da Broadway e uma turnê. E eu quis documentar isso. Eu também gosto muito de comédia e tem muita gente engraçada ao meu redor. Também quis mostrar isso, embora eu ache que a maior comédia sou eu. Eu também tenho esse ótimo marido, que é super divertido, além do meu filho, que trabalha com produção e edição de vídeos. Quis mostrar pra ele como é o outro lado das câmeras, embora ele aja com muita naturalidade em frente a elas.
Você disse que escreveu um livro...
Sim, provavelmente ainda não foi lançado em seu país, mas está na lista dos best sellers do "New York Times". E uma espécie de biografia e vai indo bem...
Você disse também que estava em turnê. Pretende vir ao Brasil?
Bom, eu estava em turnê. E essa turnê foi em comemoração aos 30 anos do meu CD "She´s so Unusual". E era um show mais para celebrar essa data com os fãs que me seguem desde sempre. Mas eu não acho que irei ao Brasil com esse show...
Por que não?
Porque eu preciso de um tempo pra decidir o que vou fazer em seguida. Quero fazer novas músicas. Mas na verdade é que eu preciso descansar... (risos)
As pessoas te conhecem como um ícone dos anos 80. Como você lida com esse rótulo?
Ah, eu nem penso sobre isso. Eu me importo com o que eu faço. E na verdade eu nunca parei. Continuo fazendo muitas coisas hoje em dia...
E você mostra isso no reality...
Sim, eu faço. Vocês verão a estreia do meu musical em Chicago... A sessão de autógrafos do meu livro...
Você foi inspiração para várias divas pop atuais. O que você acha delas?
Eu acho que as novas cantoras são inspiradas por tudo que as cerca, eu inclusive. Mas acho que as cantoras que vieram antes também foram inspiradas por tudo que as cercava e por cantoras antigas, que por sua vez se inspiram em cantoras novas. A música é um "continuum". E estudar música significa saber que tudo que você ouve enriquece seu trabalho.
Podemos esperar ouvir muitas músicas suas no reality?
Eu tento mostrar o máximo possível. Fiquei três meses em turnê. Escrevi uma canção nova com dois amigos suecos... Vocês verão tudo isso...
Você continua mudando a cor do seu cabelo?
Olha, agora eu o mudei pra vermelho. Eu não mantenho uma cor regularmente porque acho chato. Aliás, também acho chato, ao comemorar os trinta anos de carreira, lembrar-se da grande coisa que eu era naquela época. Eu me lembro de que quando comecei a me caracterizar desse jeito incomum, as pessoas diziam: "você não precisa disso", "você não precisa daquilo", e eu, obviamente, usava. E como estamos falando de cantoras pop atuais, quando eu vi a Lady Gaga e todas as críticas que ela sofria por seu modo de vestir, me lembrou exatamente do que eu fazia naquela época. Se eu pudesse dar um conselho para ela eu diria: "não ouça". Porque a arte da performance é excitante e intrínseca ao que você está fazendo e a como você se vê e se materializa enquanto está cantando. E agora, enquanto eu comemorava o aniversário de "She´s so Unusual", eu comecei a escolher os elementos da apresentação que eu considerava "ad hoc" [expressão em latim que significa "para esta finalidade"]. Por exemplo: vou usar esse vestido porque vai projetar uma sombra que se estenderá até o telão atrás de mim. Ou, por uma luz aqui para que o público tenha a sensação de que estou andando sobre ela. Porque toda essa atmosfera criativa é que prepara a história que vamos contar ao público. Somos contadores de histórias enquanto cantamos. E nessa turnê, eu quis de certa forma mostrar um pouco do que eu era naquela ocasião. E também mostrar que segui em frente e que estou aqui, aprendendo coisas novas e reavaliando meu coração. E seguir em frente significa poder criar de forma inclusiva. E eu me lembro de não ouvir quando me diziam: "como você pode fazer isso?" Ora, porque eu podia...
Teve um show da Lady Gaga em Nova York em que você e Madonna estavam na plateia. Como foi isso? Vocês se encontraram e comentaram o show?
Ah, foi muito legal isso. Porque era a primeira grande aparição da Lady Gaga em Nova York. Eu a tinha visto antes, bem no comecinho de sua carreira, em um festival em que cantamos juntas. Lá, eu pude vê-la se apresentando da mesma forma que eu faria. E a Madonna... Bem, ela foi com a Lourdes [Maria, sua filha] e elas estavam no andar superior. E sabe? Tem uma diferença muita grande entre mim e a Madonna. Ela estava cercada de guarda-costas... É diferente... Eu não tenho esse tipo de vida, porque gosto de ter contato com as coisas e as pessoas comuns. Pra você ter uma ideia, eu ainda ando de metrô... Essas coisas enriquecem meu trabalho. E eu gosto de fazer o meu caminho. Sem falar que me pareceu que ela estava em um evento familiar. Eu estava no meio da galera...
Fonte: UOL
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